domingo, 21 de agosto de 2016

Plasmodium, versátil parasita.

O Plasmodium falciparum, causador da forma mais agressiva de malária, é um parasita versátil. No organismo hospedeiro, o protozoário se instala inicialmente nas células da pele e do fígado, onde amadurece e se multiplica, antes de ganhar a corrente sanguínea e invadir os glóbulos vermelhos do sangue (hemácias). É dentro das hemácias, no entanto, que o parasita executa proezas que lhe permitem se manter vivo e se livrar do lixo tóxico que ele próprio produz ao se nutrir. Em um artigo publicado no final de fevereiro na revista Scientific Reports, pesquisadores ingleses e brasileiros coordenados pela bioquímica Célia Garcia, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP), descreveram uma nova estratégia bioquímica usada pelo parasita para eliminar esses resíduos e, assim, sobreviver e amadurecer no interior das hemácias. Segundo eles, o mecanismo identificado agora, além de outro já conhecido há algum tempo, pode ampliar as perspectivas de se desenvolverem novas estratégias de combate à malária. A equipe de Célia investiga, há pelo menos duas décadas, o que acontece com o plasmódio depois que ele se instala nos glóbulos vermelhos. Nesse período, ela e sua equipe verificaram que um dos segredos que possibilitam ao parasita sobreviver dentro das hemácias está relacionado ao modo como ele as invade. Em vez de perfurar a membrana, o plasmódio apenas a empurra. Como é elástica, a membrana se deforma e o envolve, criando ao seu redor uma bolsa em que a concentração de cálcio é mais elevada do que no interior da célula e mimetiza a do plasma sanguíneo — o cálcio é um elemento importante para a sobrevivência do parasita. O Plasmodium então se multiplica e passa por três fases de desenvolvimento. Após 48 horas, milhares de cópias do protozoário atingem o mesmo grau de maturidade entre si e rompem os glóbulos vermelhos, partindo para a invasão das hemácias sadias. Em estudos anteriores, o grupo da bioquímica também havia constatado que o ritmo de amadurecimento do parasita era regulado por um hormônio produzido pelo organismo do hospedeiro, a melatonina, que nos mamíferos controla os ciclos de sono e vigília.
O protozoário sobrevive no interior das hemácias se alimentando da hemoglobina, a proteína responsável pelo transporte de oxigênio e que dá a cor vermelha ao sangue. Há algum tempo se sabe que para isso o parasita produz uma enzima que quebra essa molécula em partes menores, os aminoácidos. Desse processo, explica Célia, resulta uma molécula chamada heme, que, se não for eliminada, pode atingir concentrações tóxicas e lesar as células e o próprio parasita que a produziu. Na década de 1980, pesquisadores constataram que ao longo de sua evolução o P. falciparum desenvolveu ao menos uma forma de se proteger dessa substância tóxica, transformando-a em um polímero inofensivo, a hemozoína. Esse mecanismo é hoje o principal alvo da cloroquina, o antimalárico mais usado no mundo. Ao impedir a formação desse polímero, a cloroquina inibe o crescimento e a reprodução do parasita no interior das hemácias. O problema é que nas últimas décadas o medicamento vem perdendo eficácia contra o plasmódio, sobretudo na América do Sul e no Sudeste Asiático. Em 2010, o grupo de Célia observou que outro mecanismo – comum no organismo de mamíferos, mas até então desconhecido em Plasmodium – também permite ao protozoário neutralizar o grupo heme. Em um estudo publicado na revista Cell Biology International, os pesquisadores da USP verificaram que o parasita produz uma enzima chamada heme-oxigenase, que converte o heme em biliverdina, molécula que não é tóxica em baixas concentrações. A partir de certos níveis, porém, a biliverdina pode se tornar nociva para o protozoário. “Converter o heme em biliverdina, em vez de transformá-lo em um polímero, pode representar um risco à sobrevivência do parasita dentro dos glóbulos vermelhos”, diz Célia. Os pesquisadores não sabem em que circunstâncias o plasmódio age por uma ou outra via para neutralizar os compostos tóxicos. Uma hipótese, segundo Célia, é que a segunda estratégia desaceleraria o ciclo de vida do parasita, reduzindo seu metabolismo e a produção dessas substâncias nocivas.
Leia na integra: http://revistapesquisa.fapesp.br/2016/07/14/a-faxina-do-plasmodium/

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Caboclinhos, um caso de especiação.

O material genético e a aparência física de 11 espécies de caboclinhos, pequenas aves de áreas abertas da América do Sul que comem sementes e pertencem ao gênero Sporophila, o mesmo de seu primo curió, contam uma história evolutiva singular, ainda em construção, difícil de ser flagrada. Estudos recentes feitos a partir do sequenciamento de diferentes trechos de seus genomas indicam que oito dessas espécies – justamente as que devem ter se originado há menos tempo e vivem próximas entre si, partilhando, às vezes, um mesmo hábitat – conservam um DNA extremamente parecido, indistinguível para fins de identificação taxonômica. Segmentos do genoma de uma espécie se encontram misturados ao de outra espécie, formando um mosaico molecular.
Ainda assim, os machos de cada espécie apresentam diferenças nítidas em sua morfologia, em especial no padrão de cores e de emissão de sons. “A plumagem e o canto nas aves evoluem de forma mais rápida do que a maioria das diferenças genéticas”, diz Luís Fábio Silveira, curador da seção de Ornitologia do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZ-USP), autor de trabalhos recentes com os caboclinhos ao lado do biólogo evolutivo argentino Leonardo Campagna, que faz estágio de pós-doutorado no Laboratório de Ornitologia da Universidade Cornell, Estados Unidos. Apenas as três espécies mais antigas, o caboclinho-de-peito-castanho (S. castaneiventris), o caboclinho-lindo (S. minuta) e o caboclinho-comum (S. bouvreuil), acumularam diferenças significativas em seu DNA a ponto de os exames moleculares serem capazes de diferenciá-las entre si e das demais.
A dupla de pesquisadores acredita estar diante de um caso complexo de especiação em curso, processo evolutivo em que, a partir da população de uma hipotética espécie ancestral, surgem outras espécies. “Essa é uma história que está em construção há poucos milhões de anos”, afirma Campagna. Por ora, os estudos genéticos e as análises sobre a morfologia e a distribuição geográfica das espécies permitem traçar um cenário aproximado da provável história evolutiva dos caboclinhos da América do Sul. O gênero Sporophila, que literalmente significa comedor de sementes, compreende atualmente 38 espécies. Após a subida do istmo do Panamá, evento geológico que conectou as duas metades do continente uns poucos milhões de anos atrás (as previsões variam de 3 milhões a 12 milhões de anos), exemplares de Sporophila se dispersaram pelas Américas Central e do Norte. Silveira e Campagna trabalharam com um subconjunto de todo o gênero, os chamados caboclinhos do sul, as tais 11 espécies.
Fonte: Leia na íntegra: http://revistapesquisa.fapesp.br/2015/10/14/a-origem-dos-caboclinhos/
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TPM provoca alteração do hálito?

Pensa em saúde da boca e logo vem a sua cabeça que você deve escovar os dentes pelo menos três vezes por dia com pasta, usar fio dental, e ir regularmente ao dentista? Pois é, tudo isso é verdade, mas também podem existir questões que você nem imagina. Alguns fatores fisiológicos podem atrapalhar a boa saúde bucal especialmente das mulheres. Pode ser difícil ver uma conexão, mas a TPM pode aumentar as chances de ter mau hálito em algumas mulheres, explica a dentista Ana Paula Brugnera. "Além da TPM influenciar na produção hormonal, ela é um fator de tensão emocional e estresse. Esse fator diminui o fluxo de salivação, o que propicia o mau hálito. Durante a TPM também cai a imunidade, o que pode aumentar a proliferação de bactérias", afirma.
TPM- definição rápida.
A TPM ou Síndrome pré-menstrual é o período cíclico que precede a menstruação. Nesse intervalo de tempo, podem aparecer sintomas psíquicos e físicos, que geralmente desaparecem no primeiro dia do fluxo menstrual. Em algumas mulheres, a TPM é interrompida somente com o fim do fluxo. A principal causa da TPM é a alteração hormonal feminina durante o período menstrual, que interfere no sistema nervoso central. Parece haver uma conexão entre os hormônios sexuais femininos, as endorfinas (substâncias naturais ligadas à sensação de prazer) e os neurotransmissores, tais como a serotonina. É importante ressaltar que essa síndrome acompanha a menstruação normal da mulher.
. Fontes: http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2015/07/22/curcuma-ajuda-a-limpar-os-dentes-veja-mitos-e-verdades-sobre-a-saude-bucal.htm.
http://www.gineco.com.br/
Foto quadrinho: http://digofreitas.com/

domingo, 13 de março de 2016

Eugenia, uma seleção extrema.

Gr- “eu, bem”, e genos- “geração”. Ramo da Genética Aplicada, foi criada por Francis Galton, em meados de 1880, tinha como principio a procriação entre indivíduos dotados de boas características hereditárias, e condenava o cruzamento entre indivíduos considerados disgênicos ( entre portadores de anomalias e possuidores de características indesejáveis). Defendia medidas restritivas de proibir a reprodução entre possuidores de caracteres deletérios. Estas medidas são classificadas em positivas ( Aconselhamento Genético) e negativas ( Castração). O nazismo defendeu a Eugenia no desenvolvimento de uma raça considerada superior, o que levou a esse ramo da Genética a uma condenação.
Fonte: http://galton.org/ Francis Galton foi um antropólogo, meteorologista, matemático e estatístico inglês. Neto de Erasmus Darwin e Primo de Charles Darwin.

sexta-feira, 11 de março de 2016

Lagarto que não precisa de sexo.

Desde a década de 1960, cientistas sabem que as fêmeas de algumas espécies de lagartos-cauda-de-chicote do gênero Aspidoscelis precisam tanto de um parceiro macho quanto peixes necessitam de uma bicicleta, ou até menos. Essa espécie do México e do Sudoeste os Estados Unidos, formada exclusivamente por fêmeas, consegue produzir descendentes perfeitos sem o auxílio de fertilização masculina. Mas como essa e outras 70 espécies de vertebrados, que se multiplicam desse modo, conseguem fazer isso sem a monotonia genética e a vulnerabilidade a doenças que muitas vezes resultam da reprodução assexuada? “Isso continua incerto” e “tem sido tema de muita especulação”, relatou uma equipe de pesquisadores que pretendia responder precisamente essa pergunta. Seus resultados foram publicados on-line em 21 de fevereiro no periódico Nature. (A Scientific American integra o Nature Publishing Group). Esses répteis e outras “espécies partenogenéticas são geneticamente isolados”, explica Peter Baumann, pesquisador associado no Instituto Stowers para Pesquisa Médica, em Kansas City, no Missouri, e coautor do estudo. Espécies tão diversas quanto dragões-de-Komodo e tubarões-martelo se produzem assexuadamente se for necessário. Mas outras, como esses pequenos lagartos, não têm escolha. “Eles não podem trocar material genético e essa impossibilidade de intercâmbio gênico é uma grande desvantagem em um meio ambiente mutante”, acrescenta. A menos que um animal seja capaz de recombinar o DNA que já tem, ele produzirá descendentes com um conjunto idêntico de cromossomos, em que qualquer fraqueza genética, como susceptibilidade a doenças ou mutação física, não teria nenhuma chance de ser anulada, ou neutralizada por material gênico externo, de um parceiro.
Para saber mais sobre o Gênero Aspidocelis http://www.californiaherps.com/lizards/pages/a.t.munda.html
Leia na integra http://www2.uol.com.br/sciam/noticias/o_sexo_e_desnecessario_para_certos_lagartos.html
Fonte. Publicado em Scientific American em 21 de fevereiro de 2010. Loja Segmento

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Vírus da dengue, chikugunya e zika.

Os vírus da dengue, chikungunya e zika são transmitidos pelo mesmo vetor, o Aedes aegypti, e levam a sintomas parecidos, como febre e dores musculares. Mas as doenças têm gravidades diferentes, sendo a dengue a mais perigosa. A dengue, que pode ser provocada por quatro sorotipos diferentes do vírus, é caracterizada por febre repentina, dores musculares, falta de ar e moleza. A forma mais grave da doença é caracterizada por hemorragias e pode levar à morte. O chikungunya caracteriza-se principalmente pelas intensas dores nas articulações. Os sintomas duram entre 10 e 15 dias, mas as dores articulares podem permanecer por meses e até anos. Complicações sérias e morte são muito raras. Já a febre por zika vírus leva a sintomas que se limitam a no máximo 7 dias e não deixa sequelas. Não há registro de casos de morte provocados pela doença.
O Aedes aegypti pode transmitir mais de uma doença ao mesmo tempo? Segundo estudos conduzidos pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), é possível que um mosquito transmita dengue e chikungunya ao mesmo tempo a um paciente. Ainda não há estudos, porém, que avaliem a possibilidade de o zika vírus ser transmitido simultaneamente aos outros dois vírus.
Quando foi descoberto? O vírus foi identificado pela primeira vez em 1947 em um macaco rhesus na floresta Zika, de Uganda. A partir da década de 1950, foram registradas evidências do zika vírus em humanos em países da África e Ásia. Atualmente, há também registro de circulação esporádica do vírus na Oceania e casos importados foram descritos em países como Canadá, Alemanha, Itália, Japão, Estados Unidos e Austrália.
Leia mais: http://www.combateadengue.com.br/zika-virus-saiba-mais-sobre-transmissao-sintomas-e-tratamento/#ixzz3tIj9jUiE

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

O desenvolvimento embrionário e a formação dos tecidos.

As duas células (espermatozoide e óvulo) após a fecundação formam uma célula, o zigoto, que é uma célula diploide ( 2n) (como o mesmo número de cromossomos de qualquer célula somática da espécie). Formado o zigoto este passa a sofrer sucessivas mitoses, processo denominado de clivagem. Uma célula forma duas, as duas formam quatro, as quatro formam oito e assim sucessivamente.
Por volta do sétimo dia (na maioria dos animais) pós-fecundação o que se vê é um amontoado de células envoltas por uma membrana translúcida. Cada célula é chamada de blastômero, sendo células totipotentes (ainda não diferenciadas e com a potencialidade de originar qualquer uma das células do corpo animal), e a membrana envoltória é chamada de zona pelúcida.
Este estágio do embrião por se assemelhar muito a uma amora é chamado de mórula. Os blastômeros sintetizam um líquido, rico em ácido hialurônico, que vai se acumulando dentro do embrião e por volta do oitavo/nono dia forma-se uma pequena cavidade no interior do embrião, a blastocele.
Neste momento o embrião passa a se chamar de blástula ou blastocisto. Posteriormente, a cavidade aumenta e pela expansão interna do embrião a mórula é rompida (blastocisto eclodido). Esta massa celular começa a se dobrar para dentro de si mesma e aí se forma uma cavidade central chamada de gastrocele, neste momento forma-se a gástrula.
Nesta fase é possível identificar os dois primeiros tecidos embrionários – ectoderma e endoderma. O ectoderma é folheto embrionário externo e o endoderma o folheto embrionário interno. Um pouco depois, a partir do endoderma forma-se o folheto médio, chamado de mesoderma.
A partir daí começa haver diferenciação celular e formação dos tecidos animais. O ectoderma o tecido nervoso e alguns epitélios de revestimento; já do mesoderma origina-se a maioria dos tecidos conjuntivos e musculares; do endoderma alguns epitélios de revestimento.
Os tecidos embrionários são três (ectoderma, mesoderma e endoderma) e deles se formam todos os tecidos do corpo animal.
Fonte: www.fea.br, imagem:google.